Celcoin quer ser o primeiro BaaS do Brasil a integrar USDT e levar a Tether, via Bitcoin, para 6 mil bancos e fintechs do país
A Celcoin, um dos principais provedores de Bank-as-a-service do Brasil, está estudando integrar serviços com stablecoins para seus clientes via USDT. Para isso a empresa já vem conversando com alguns provedores nacionais como a Truther e a SmartPay.
Segundo informações compartilhadas com o Cointelegraph durante a Plan B Conference, em El Salvador, a proposta da empresa é unir serviços de on e off-ramp com USDT em seu portifólio de soluções de BaaS e Embedded Finance.
"A Celcoin está sempre avaliando novas soluções para ampliar seu portfólio, mas, no momento, as conversas sobre essa integração estão em estágios iniciais e ainda não há definições concretas sobre o tema", afirmou a Celcoin em nota ao Cointelegraph.
Atualmente a empresa já movimenta mais de R$ 30 bilhões em mais de 400 milhões de transações e deseja ampliar esse valor com a integração de stablecoins de olho no crescimento do setor com a regulamentação do Banco Central que deve gerar um 'boom' na integração de serviços financeiros tradicionais com criptoativos para remessas e "Conta em dólar", movimento que já chegou em bancos como C6 e Nomad.
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"Nós estamos conversando com a Celcoin para integrar o USDT na leque de serviços que eles oferecem para bancos e fintechs. Como ainda não há um conjunto de regras aprovadas no Brasil, seguimos as determinações da MiCa e aplicamos o Travel Rule. A liquidez será garantida pela Smart Pay, permitindo que fintechs e instituições financeiras disponibilizem essa solução sem necessidade de licenças complexas", revelou o empresário Rocelo Lopes.
Lopes apontou ainda que a solução de on-off Ramp com USDT usa uma layer 2 do Bitcoin, a Liquid, para garantir privacidade nas transações, tal qual o Banco Central vem estudando dentro do Drex.. Isso significa, segundo o empresário, que, ao transferir USDT entre usuários, ninguém pode visualizar saldos ou detalhes das transações, assegurando conformidade regulatória e transparência para os órgãos competentes.
"Isso significa que o usuário A ao enviar uma transação ao usuário B, um não consegue visualizar o saldo do outro. As operações são 100% privadas, garantindo inclusive tudo aquilo que o BC está trabalhando nos testes com o Drex", destacou.
Além da Celcoin, outras 4 instituições financeiras já estão em contato com a empresa para integrar soluções com USDT, assim como a JAN3, do empresário canadense Samson Mow, que vai disponibilizar a carteira ACQUA, para o Brasil com integração via Pix.
"Muitas instituições e reguladores estão nos procurando para entender como integrar as finanças tradicionais com o mercado cripto e impulsionar a digitalização da economia. Recentemente recebemos convites de reguladores da Argentina, Bolívia e também temos conversas com o Banco Central do Brasil. Este é um movimento inevitável e os reguladores já entenderam isso, assim como as principais empresas, então já não é mais uma questão de Se e nem de Quando, mas de quem estará mais preparado para dominar o mercado", disse.
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Paolo Ardoino, CEO da Tether, reforçou que a intenção é crescer com as atividades do USDT no Brasil, maior mercado da América Latina da empresa, e que o foco está na integração entre o mercado cripto e o setor financeiro.
El Salvador como o polo financeiro da América
Lopes destacou também que El Salvador já entendeu este movimento de mudança na economia e vem se preparando para ser o centro financeiro de serviços digitais da América. Segundo ele, embora a nação tenha ficado 'famosa' pela Lei Bitcoin há um movimento muito maior de incentivo a empresas de tecnologia para criar um polo no país.
"A entrada da Tether no mercado salvadorenho facilita esse processo, pois a população já está familiarizada com o dólar. Como o USDT é uma stablecoin pareada ao dólar, a transição se torna mais natural e compreensível para os cidadãos", disse.
Outro ponto positivo, segundo Lopes, são os incentivos fiscais oferecidos pelo governo salvadorenho. Empresas que se estabelecem no país podem ter até 15 anos de isenção de impostos, "isso atrai startups e negócios internacionais, criando um ambiente altamente favorável para investimentos".
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Além disso, empresas que operam globalmente e geram receita fora do país também desfrutam de zero tributação, o que é um grande diferencial competitivo.
"No fim das contas, El Salvador está fazendo a lição de casa e promovendo um ambiente econômico mais atrativo sem impactar negativamente a estrutura atual. As mudanças não afetam a estabilidade do país, apenas tornam o cenário mais favorável para investidores e empreendedores", destacou.
Durante a conferência, diversas empresas brasileiras que conversaram com o Cointelegraph, disseram que pretendem abrir ou mudar sua sede para El Salvador para aproveitar os benefícios e isenções do governo, com a garantia das operações dolarizadas e estrutura regulatória, entre elas, está uma das maiores exchanges de criptomoedas do país.