Arrival (ARVL) é uma empresa no hype. Veículos elétricos (EV), mudança climática e zero emissões de carbono são temas recorrentes na mídia. O mercado financeiro tem cada vez mais se voltado para o ESG, com muita ênfase ao E. O "elefantíssimo" fundo soberano da Noruega, que em média detém 1,4% de todas as empresas listadas no mundo, divulga sua lista de exclusão de empresas que não atendem a critérios pautados pelo ESG (veja Norges Bank exclusion list). Até o FED (banco central americano) tem aumentado o espaço na pauta, dado que mudança climática é considerado risco emergente a estabilidade financeira.
Então a Arrival, empresa sediada em Luxemburgo, com headquarters em Londres e ações negociadas na Nasdaq já tem meio caminho andado. Seu projeto é produzir veículos elétricos leves, com baixa emissão de carbono (a empresa quer ser até 2040 net-zero na emissão de carbono) contribuindo positivamente para o meio ambiente. A empresa tem 3 principais projetos: ônibus, van e carro. Quer se diferenciar pelos seus métodos produtivos, com o conceito de micro fábricas: baixo CAPEX e 6 meses para estar em operação. Além disso desenvolveu seu próprio compósito, que alega ser mais resistente que as chapas metálicas utilizadas na indústria automobilística, mais fácil de moldar e criar novos designs, e reciclável. Seus veículos são projetados para longo uso, poderão efetuar upgrades e utilizam o conceito de modularidade para facilitar a manutenção e troca de componentes.
Tudo muito lindo! Empresa no hype, com tecnologias novas e inteligentes. Quem não quer isso? O problema é que a empresa ainda está executando seu projeto. Não há produção recorrente de veículos. A previsão para isso acontecer já atrasou para o segundo semestre de 2022. Por enquanto está em fase de homologação no Reino Unido do seu ônibus nas estradas. Em outra palavras a empresa só queima $$$, não tem receitas, só intenções de compra. Suas ações estão no fundo, despencaram mais de 70% em 2021. Para completar uma firma de advogados especializada em fraude de títulos, Robbins Geller Rudman & Dowd, está tentando fomentar uma ação coletiva nos EUA.
Pelo tom que utilizo e a construção do texto parece que sou um detrator da empresa, mas não sou! Adoro quem pensa de forma disruptiva e quer quebrar paradigmas. Muitas "verdades" da indústria automotiva estão sendo desmontadas. Micro fábricas é o oposto ao que sempre foi vendido como necessário para a existência dos automóveis: grandes fábricas, muita produção, para ganhos de escala. Upgrades em veículos é o oposto a uma indústria pautada em reembalar produtos com alterações no visual e pouco avanço tecnológico. Na verdade sou um entusiasta! Porém é preciso ver a realidade como ela é. Vejo "muita iniciativa e pouca acabativa", por enquanto. Arrival precisa começar a produzir e vender seus veículos.
Mas vamos ao que realmente nos interessa: preço da ação e sua trajetória. Mesmo no fundo vejo alguns fatos técnicos que podem começar a mudar o jogo para o ativo. Tem uma divergência entre os fundos de dez/21 e jan/22 e o índice de força relativa no gráfico diário (atenção que o mesmo não ocorre no semanal). A empresa está se aproximando e quer cruzar uma LTB, que na minha opinião tornou-se um linha de tendência central depois que o preço já tinha rompido a linha em out/21 para depois voltar a trabalhar abaixo dela. Acredito que vale acompanhar esta ação em busca de compra, caso acontecer tem um bom espaço para andar se aproximando dos gaps deixados em novembro passado. Mas mão leve, pois abusando dos clichês: "no fundo do poço pode ter um alçapão". O chão para qualquer ação é o ZERO!
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